Para quem acompanha as diversas versões do programa Rupaul’s Drag Race por todo o mundo, já está ciente de que na edição sueca temos uma representante brasileira, seu nome é Fontana e ela conseguiu chegar no Top 3 e está concorrendo à coroa do programa e o prêmio de 150 mil dólares, o equivalente a mais de 700 mil reais.
INHAIIIIIMMMM BRASIL!! 😉 a primeira drag queen da história a pisar no #DragRaceSverige é imigrante, latina e não-binária 🔥💕🇧🇷 ps: eu nao derrapei, eu aterrizei hahaha 😘 (eu tava nervosa tremendo muitoooo) #teamfontana pic.twitter.com/fSKvl0PY3z
— FONTANA (@itsfontana) March 5, 2023
Essa é a primeira edição do programa no país, a entrada de Fontana foi icônica, ela chega com asas rosas e diz “A beldade brasileira chegou”, a imagem de sua chegada foi compartilhada e virou um meme dentro da comunidade LGBTQIA+ brasileira. Em uma entrevista para o IG Queer, Fontana abordou como foi a sua reação ao receber a notícia que estaria no programa:
“Eu não esperava que fosse ser selecionado e, como imigrante na Suécia, estou muito acostumado a ver as portas se fechando para mim. Quando vi as inscrições de ‘Drag Race’ abertas, logo pensei que eles não me chamariam. Eu fiquei surpresa, era meu maior sonho, estava indo para o trabalho quando recebi a ligação. Eles enrolaram para falar, comentaram sobre o processo, eu já achava que não tinha passado e soltaram a bomba ‘você foi selecionada’. Eu comecei a tremer e chorar, quis até vomitar. Tive de sentar para respirar. Fiquei surtada, mesmo”, contou a artista.
A drag queen nasceu na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul e atualmente mora em Estocolmo, capital da Suécia, há 10 anos. O motivo da sua ida para o país foi um relacionamento, que logo chegou ao fim, mas a drag queen resolveu fincar raízes e permaneceu lá até hoje. Após receber várias mensagens de pessoas LGBTQIA+, a drag reforça a importância da educação na sua vida e fala um pouco sobre a sua história:
“Meu pai estudou somente até a quarta série do ensino fundamental, minha mãe era solo, cuidava de dois filhos, auxiliar de enfermagem, trabalhava muito e ganhava pouco. A gente morava em uma casinha de madeira caindo aos pedaços. Fui a primeira pessoa do meu núcleo familiar a entrar numa universidade por meio de um programa do governo, o Prouni. Um dia eu era uma LGBT no Brasil sonhando e minha mensagem quando entrei no programa foi principalmente inspirar essas pessoas que, como eu, estão no Brasil sonhando. As coisas não são fáceis, mas tudo é possível”
Xenofobia
A brasileira contou nas redes sociais que sofreu com a xenofobia no país, pois há um crescimento da extrema direita e isso tem preocupado vários imigrantes. Fontana não relatou o que ocorreu, mas abordou o sentimento de não pertencimento e o receio de que partidos neonazistas voltem a dominar o país.
“A Suécia tem raizes xenofóbicas profundas, nas eleições o partido nazista cresceu absurdamente. Ser imigrante latinx lgbtq drag queen me coloca em camadas de preconceito. Um sentimento de solidão de não pertencer a lugar nenhum, já que sofria muito no Brasil”, relatou a drag queen.
Essa não é a primeira vez que uma drag queen brasileira participa de uma edição internacional do programa, a primeira foi a Miss Aby OMG, que ficou em quarto lugar no “Drag Race Holanda”, mas é a primeira vez que uma brasileira chega a final e tem uma chance real de vencer o programa.
Vale lembrar que o programa, no qual Grag Queen venceu, não era uma edição do drag race, o “Queen of the universe” faz parte da produtora de Rupaul, mas tem como missão encontrar drag queens cantoras talentosas com foco em voz e performance.
Fontana chegou à final junto com as drag queens Admira Thunderpussy e Vanity Vain. No domingo ela poderá ser coroada, mas atualmente, ela já se tornou referência para vários LGBTQIA+ do Brasil que tem o sonho de ser drag queen e ter sucesso no exterior.